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Retrato Falado — Paulo Henrique DEDÃO

Paulo Henrique, mais conhecido como Dedão, veio de Barão de Cocais para Belo Horizonte com um propósito: virar o jogo. Deixou a estabilidade da mineração, como mecânico industrial, para se reinventar como fotógrafo, designer e criador de moda autoral. Sozinho na capital, sem parentes, encontrou na cultura urbana e no corre diário o impulso para criar sua marca — LIMBO, que carrega na costura a identidade de quem vive a cidade de verdade.

“O começo foi na cara e na coragem”, diz Dedão, ao lembrar dos primeiros meses em BH, hospedado na casa de amigos, dividindo tempo entre estudos autodidatas de fotografia e cursos técnicos. Mas o ponto de virada veio durante a pandemia, quando, mesmo em crise, decidiu investir o pouco que tinha para tirar a marca do papel.

Vendi meu equipamento de foto, peguei a máquina de costura da minha mãe e comecei a fazer roupa com peças velhas. Foi aí que descobri o upcycling e nunca mais parei”.

As primeiras vendas da LIMBO foram, como em muitos sonhos independentes, sustentadas pelos amigos. “No começo, quem comprava era a galera próxima. Eu ia para minha cidade com uma sacola de camisetas e vendia tudo no boca a boca. Meus amigos foram meus primeiros clientes, meu termômetro. Eles fortaleceram de verdade”.

Um dos marcos importantes no processo de estruturação da marca foi a parceria com um amigo que tinha uma private label — uma confecção que produz para outras marcas.

Ele precisava de ajuda com audiovisual para o Instagram da confecção, e eu já queria retomar o projeto da marca com mais estrutura. Em troca da ajuda, ele me ensinou tudo: cortar tecido, riscar molde, entender processo de produção. Ali eu vi como nascia uma peça do zero, e percebi que podia fazer com as próprias mãos aquilo que imaginava”.

A vivência no BMX, a proximidade com o grafite, o hip hop e o skate moldaram sua visão estética desde cedo. A moda, para Dedão, precisa ser funcional, resistente e inclusiva. “Sempre vi que as roupas feitas para o streetwear não consideravam todos os corpos ou realidades. Eu queria modelagens diferentes, pensadas para quem vive na rua, senta no chão, cai da bike. Então decidi aprender a fazer eu mesmo”.

Hoje, Dedão é referência no universo do upcycling — processo de reaproveitamento de tecidos e roupas já existentes — e já foi convidado a dar palestras sobre o tema. A estética do trampo é influenciada por ícones como Tyler, The Creator, Virgil Abloh, e o fotógrafo Sebastião Salgado, de quem herdou a vontade de transmitir sentimento, não só imagem.

Mais do que estilo, a LIMBO é uma extensão de sua história. É sobre mineiridade, sobre afeto, sobre desacelerar para ouvir — e vestir — a cidade. “Moda é manifestação pessoal. É segunda pele. É a forma mais rápida de tornar a personalidade visível”, diz.

Confira o vídeo da entrevista completa abaixo e acompanhe Dedão nas redes sociais: @dedaopaulo. Descubra mais sobre sua trajetória e como ele costura identidade, cultura e resistência em cada peça.

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