Num mercado que privilegia velocidade e tendência, a VEJA construiu sua história fazendo justamente o contrário. Fundada em 2004 pelos franceses François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp, a marca ganhou status global ao desafiar a lógica da moda convencional — e agora, 20 anos depois, abre as portas de sua primeira loja física no Brasil, país que é, literalmente, o coração da operação da marca.

Mais do que um ponto de venda, a nova loja na Rua Oscar Freire, em São Paulo, é quase um manifesto. Afinal, tudo na VEJA começa no Brasil: o algodão orgânico vem do Nordeste, a borracha nativa é extraída da Amazônia e até o PET reciclado é coletado nas ruas das grandes cidades. A loja, portanto, simboliza um retorno às origens — mas com visão de futuro.

Antes da inauguração, a equipe da Veja convidou a imprensa para conhecer o QG da marca em Paris. Ao invés de roadmaps agressivos de marketing, encontramos um ecossistema guiado por valores, onde o design responde à realidade da produção e à ética da cadeia. “As pessoas acham que inovação é fazer o novo”, diz Sébastien, diretor criativo.

Mas, pra gente, inovação é fazer o necessário. Toda criação começa com uma pergunta: dá pra fazer isso do jeito certo?”

Esse jeito certo inclui lançar produtos apenas quando há garantia de responsabilidade ambiental e social. A recém-lançada sandália Etna, por exemplo, nasceu de um longo processo de pesquisa por uma nova silhueta que não ferisse os padrões de materiais da marca.

Não se trata de ser perfeito”, ele reforça. “Mas de fazer melhor com o que a gente tem.”

A expansão física da marca seguiu esse mesmo ritmo desacelerado e intencional. A primeira loja própria só foi aberta em 2019, 15 anos após o lançamento da Veja. “Antes disso, a gente não tinha variedade suficiente. Abrir uma loja pra deixar ela vazia não fazia sentido”, comenta François, responsável pela estratégia da marca.

Agora, com uma gama mais ampla de produtos e uma visão ainda mais clara, a Veja projeta encerrar 2025 com dez flagship stores espalhadas pelo mundo — incluindo novas unidades em Copenhague, Marselha e Los Angeles.

Em São Paulo, o espaço de 600 metros quadrados foi assinado pelo arquiteto e urbanista Roberto Somlo, e reflete a filosofia da marca: transparência em tudo. Tijolos aparentes, estruturas visíveis e uma fachada toda envidraçada criam uma conexão direta com a rua e o público.

A loja ainda estreia no Brasil o programa “Clean, Repair and Collect”, já ativo em cidades como Paris, Berlim, Brooklyn e Londres. Por aqui, uma estação de consertos e limpeza de tênis será parte do dia a dia — com serviço local, formação de profissionais e reforço da ideia de durabilidade como forma de resistência ao consumo descartável.

Mais do que um ponto comercial, a nova loja da VEJA em São Paulo celebra o início de cada tênis, dando ao Brasil não apenas protagonismo na produção, mas agora também um espaço de experimentação, troca e cuidado com o que se veste.

A loja da VEJA está localizada na Rua Oscar Freire, 565 – Jardins, São Paulo.