Retrato Falado — Vittoria Lapertosa

Vittoria Lapertosa construiu sua carreira no ritmo da moda, mas foi na maternidade que ela se redescobriu como mulher. Modelo desde a adolescência, quando o termo plus size ainda era um sussurro distante no Brasil, ela enfrentou padrões que moldaram não só sua imagem, mas também sua autoestima. “Quando eu comecei, aos 15, me disseram que eu era maravilhosa — mas precisava emagrecer 10 quilos. E eu nem era gorda”, lembra.
Sua carreira avançou através dos anos. Passou de modelo fashion a modelo comercial, abraçando diferentes fases do corpo e da vida. Mas a chegada da maternidade — especialmente durante a pandemia — redefiniu tudo.
Minha primeira gravidez não foi planejada e coincidiu com o início da COVID. Eu tive que parar 100%. Foi um susto”.
Foi nesse momento de pausa forçada que Vittoria foi confrontada com uma nova versão de si mesma. “Tive que entender quem era a Vittoria sem ser modelo. Sem o corpo que a moda sempre celebrou. E ver beleza nisso foi difícil…mas foi também uma cura”. Entre estrias, quadris mais largos e flacidez, ela encontrou uma força que nenhuma passarela poderia oferecer. “Por que a cultura tem tanto medo do corpo que gera vida?”
Na segunda gestação, tudo mudou. Mais madura, mais consciente, e com uma rede de apoio sólida, Vittoria decidiu fazer diferente. Continuou fotografando, treinando boxe, mantendo seus rituais. “Na primeira gravidez, eu matei uma Vittoria. Nessa, eu prometi continuar sendo eu — só que transformada”. Ela entendeu que não precisava apagar sua identidade para ser mãe.
Você não vira um anjo. Você continua sendo você. Isso ajuda a mulher a não se perder”.
Vittoria também fala com franqueza sobre os limites da indústria da moda quando o assunto é gestação. “Já recebi proposta de trabalho com a condição de esconder minha barriga de seis meses. Como assim? Se você quer uma grávida na campanha, é isso que você está contratando”. Para ela, o mercado ainda falha em incluir gestantes de forma genuína.
Existe uma ilusão de quebra de padrões. Mesmo no plus size, ainda há um padrão. Com gestante, é a mesma coisa”.
Hoje, aos 33 anos, ela concilia maternidade com trabalho e autoconhecimento. E vê no parto — processo que ela chama de “encontro com o eu selvagem” — uma das experiências mais profundas da vida. “É ali que você vira bicho. É a coisa mais próxima de Deus ou de uma deusa que você pode viver”.
Confira o vídeo da entrevista completa abaixo e acompanhe Vittoria nas redes sociais: @VittoriaLapertosa. Descubra mais sobre sua trajetória, maternidade e a força de se reinventar.
Maquiagem: @andreaalencar_beauty
Stylist: @soniapintooficial
Fotos: Diego Ruahn
Produção Video: Trace Stúdio