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Por Trás do Hype — Fairfax Avenue

Como uma rua quase esquecida virou o endereço mais hypado do streetwear mundial?

Antes das filas dobrando quarteirão por um drop da Supreme ou do hype em torno de collabs exclusivas, a Fairfax Avenue era outra coisa. Bem diferente. Nos anos 80 e 90, esse trecho tranquilo de Los Angeles era marcado por abandono, comércios fechando as portas, a violência tomando conta, e a epidemia do crack corroendo a vida nas ruas. Uma área quase esquecida — a não ser pelos frequentadores da clássica Canter’s Deli ou estudantes da Fairfax High School, uma escola pública que, curiosamente, viria a moldar parte da identidade criativa da região, formando nomes como Anthony Kiedis, Flea, Angelina Jolie e Demi Moore.

Mas tudo começou a virar no início dos anos 2000, quando uma movimentação silenciosa, quase subversiva, começou a tomar forma. Enquanto Melrose e La Brea ainda eram os destinos óbvios para quem buscava moda ou cultura urbana em LA, uma nova cena começava a germinar ali, entre Rosewood e Oakwood. O catalisador? Um movimento estratégico e simbólico: a Supreme decidiu abrir seu primeiro flagship fora de Nova York bem ali, no coração da Fairfax — dentro de um prédio branco, com o logo box vermelho na fachada e uma pista de skate no interior. Era 2004.

O aluguel era barato. O potencial criativo, infinito.

A chegada da Supreme iniciou uma reação em cadeia. Em pouco tempo, marcas como The Hundreds, HUF, Diamond Supply Co., Crooks & Castles, Alife e Hall of Fame fincaram bandeira no mesmo trecho, criando uma microcena cultural que misturava skate, rap, DIY e moda como nunca antes. “Quando a Supreme abriu, eu soube que isso ia mudar tudo”, lembra Dominick DeLuca, da Brooklyn Projects. “Todo mundo ia vir comer um pedaço desse bolo”.

Do lado de fora das lojas, surgia uma nova dinâmica: molecada de South Central, do Valley e até de outros estados se encontrava ali para trocar ideia, mostrar drip, fazer parte. Tyler, The Creator, Taco, Hodgy e o resto do Odd Future crew eram só mais alguns dos que colavam diariamente nas calçadas da Fairfax. Mais do que vitrine, a rua virava quintal — um lugar para pertencer.

Com o tempo, a Fairfax virou mais que um destino: virou uma identidade. E com isso, vieram os turistas, os caçadores de sneakers, as marcas de fora querendo se associar à vibe original. A rua que antes era um “atalho pra chegar em Melrose” se tornou uma passarela viva da cultura urbana global.

Hoje, mesmo com algumas lojas icônicas já fechadas e a rua flertando com o conceito de “shopping a céu aberto”, a verdade é uma só: o legado da Fairfax vive. Não apenas em Los Angeles, mas nas coleções inspiradas nela em São Paulo, Paris e Tóquio. Foi lá que KanYe garimpava antes da Yeezy, que a Golf Wang nasceu, que a cultura de nicho virou mainstream — sem pedir licença.

Fairfax é mais que moda. É resistência criativa, é a rua no centro do mapa.
Porque por trás de cada hype, sempre tem história. Tem raiz. E tem uma avenida onde tudo se cruza.

🎥 Quer ver esse universo com os próprios olhos? Dá o play no vídeo e cola com a gente nessa viagem pela meca do streetwear.

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