Luiz Solano reimagina apartamento brutalista em São Paulo com toques de calor natural
O arquiteto brasileiro Luiz Solano revelou sua mais recente intervenção arquitetônica: a renovação completa de um apartamento no icônico Edifício Araucária, em São Paulo, originalmente projetado por Rino Levi nos anos 1960. O projeto respeita a essência brutalista do prédio, mas suaviza suas arestas com escolhas contemporâneas e sensoriais.
Ao eliminar todas as paredes internas, Solano transforma a antiga planta compartimentada em um espaço fluido e aberto, onde a estrutura original do edifício ganha protagonismo. O concreto aparente do teto — com vigas escalonadas que mais parecem esculturas — é mantido como peça central, contrastando com o piso branco aquecido por uma pintura suave, que reflete e amplifica a luz natural.
O projeto não foge do impacto visual: ilhas cromadas envolvem elementos estruturais como a ilha da cozinha, o shaft de ventilação e um canteiro elevado com vegetação tropical. Esses volumes metálicos criam pontos de tensão e brilho que dialogam com a rusticidade do concreto e com a fluidez dos outros materiais.
As divisórias que permanecem, transformadas em closets funcionais, são pintadas de um tom terroso de verde-musgo, conectando o interior ao paisagismo exterior e ao canteiro central do apartamento. A escolha cromática ainda reforça a ideia de transição entre o urbano e o natural.
No mobiliário, Solano segue essa linguagem híbrida: uma mesa de jantar de mármore de linhas orgânicas e um tapete circular de design vibrante — com textura que lembra líquens — adicionam texturas táteis e formas mais suaves, quebrando a rigidez brutalista sem apagá-la.
O resultado é um exercício de equilíbrio entre memória arquitetônica e linguagem contemporânea, entre a frieza do concreto e a vibração da natureza — um convite sensorial à convivência entre o bruto e o delicado.
Fotos da reforma estão disponíveis na galeria abaixo.