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Retrato Falado – DJ Kingdom

Desde criança, DJ Kingdom sabia que sua vida estaria ligada à música. Natural de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, ela cresceu com o sonho de trabalhar com som, mesmo sem saber exatamente como. Hoje, com quase uma década de carreira, ela não apenas vive esse sonho, mas também representa um movimento musical que ganha força no Brasil e no mundo: a música eletrônica periférica.

“O momento que percebi que tudo fazia sentido foi quando fui convidada para tocar fora do país. Saber que meu trabalho aqui estava sendo reconhecido lá fora foi surreal”, conta. Kingdom viajou para a Europa para apresentar seu som em clubes e festivais, levando a identidade da música de favela para novos públicos.

As pessoas estudam o que eu faço, escutam meus sets, me chamam porque querem compartilhar essa energia. Essa troca não tem preço”.

Para Kingdom, a música eletrônica de favela é um movimento cultural poderoso, e o funk faz parte disso.

O funk é música eletrônica. Ele é construído com os mesmos elementos do house, do techno, mas a partir da vivência da favela. O funk de São Paulo tem uma batida, o do Rio tem outra, e o de BH é completamente diferente. Cada um conta sua história”.

A DJ faz parte da Baile Room, projeto que começou como uma paródia do Boiler Room, mas acabou se tornando um movimento respeitado mundialmente. “Queríamos um espaço para tocar o que realmente acreditamos, e o negócio explodiu”, explica. Hoje, ela enxerga Belo Horizonte como um grande celeiro musical, onde talentos emergem constantemente. “BH é potência, a gente anda BH, a gente dança BH. A cultura daqui está sendo exportada para o mundo”.

Mas Kingdom também sabe que ser artista no Brasil é um desafio. Mãe de duas filhas, ela sonha com uma carreira consolidada e uma vida financeira mais estável. “Ser artista é viver entre altos e baixos. Mas quero chegar num ponto onde possa viver bem da música e abrir caminho para outras mulheres pretas como eu.” Para ela, o legado não é só pessoal, mas coletivo.

Se eu cheguei até aqui, outras também podem. Quero inspirar, quero puxar mais gente pra esse movimento”.

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