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Christiane Deliz – Neuropsicopedagoga e Maquiadora

Aos 40 anos, Christiane Deliz transformou a maquiagem em uma ferramenta de empoderamento e acolhimento. O que começou como uma necessidade na sua vida como passista no carnaval, evoluiu para algo muito maior—uma forma de ajudar outras mulheres a se enxergarem e se reconectarem com sua própria beleza. “A maquiagem nunca foi só sobre a estética para mim”, afirma ela. “É sobre acolher e tocar no outro, mesmo que seja apenas no rosto”.

Chris, como gosta de ser chamada, cresceu no palco, onde a maquiagem era parte essencial de sua performance, mas quando deixou o carnaval, ela percebeu que não sabia mais como usá-la no cotidiano. Foi nesse momento que buscou aulas de automaquiagem, apenas para descobrir que o acesso à beleza para mulheres pretas ainda era extremamente limitado. O curso que deveria empoderá-la a fez se sentir ainda mais deslocada. “Eu estava num processo de me entender nesse lugar da estética da mulher preta, e a experiência não me acolheu”, reflete.

A maquiagem é uma forma de resistência para a mulher preta. Mostrar sua beleza é um ato de coragem”.

Determinada a criar um espaço mais inclusivo e sensível, Chris começou a dar aulas de maquiagem para amigas e, depois, expandiu esse trabalho para outras mulheres. Ela logo percebeu que seu público não procurava apenas técnicas de maquiagem, mas também um espaço para se curar. “Minha primeira turma profissional era composta por mulheres que estavam vivendo lutos, separações. Foi ali que percebi que maquiagem, para mim, nunca seria só sobre beleza. Era acolhimento”.

Chris também aborda de forma crítica as desigualdades no mercado de beleza para mulheres pretas. Ela fala sobre como, mesmo em grandes lojas de cosméticos, os tons de pele mais escuros são os menos acessíveis. “Se somos a maioria da população, por que não estamos consumindo esses produtos?”, questiona.

A maquiagem, para ela, é um ato de resistência, uma maneira de afirmar sua identidade e oferecer isso a outras mulheres. “A beleza para a mulher preta é resistência antes de ser existência”, afirma ela. Chris vê cada cliente não apenas como uma oportunidade de maquiagem, mas como uma chance de conexão. “Eu quero que ela se veja bonita, mas ainda assim se enxergue. Não quero transformá-la em algo que ela não é”.

Confira o vídeo da entrevista completa abaixo e acompanhe Chris em suas redes sociais: @ChDeliz21e @MakeupDeliz. Descubra mais sobre como ela usa a maquiagem para acolher e empoderar mulheres.

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